A Marvel prometeu uma abordagem diferente quando anunciou sua mais nova equipe. Jovens heróis que cansados dos métodos tradicionais dos adultos, decidem se unir para mudar o mundo e buscar um significado muito maior em ser um super-herói que vá além de socar vilões.

Champions / Humberto Ramos – Marvel Comics

A primeira edição de Campeões tem seus momentos. A separação do trio legado, que tem sido o rosto da juventude da Marvel (Ms. Marvel, Nova e Miles Morales), dos Vingadores, a concepção do novo grupo, até o recrutamento de novos membros (Amadeus Cho/Hulk e Viv Visão).

No seu clímax, o primeiro confronto do grupo; um vilão que coordena um esquema tráfico humano e sexual. Ao mesmo tempo que enfrenta a ameaça, o grupo precisa lidar com a pressão do público em querer a execução do criminoso. A edição se encerra com um discurso da Ms. Marvel sobre os rumos que um heróis deve tomar, sobre eles serem um espelho para a sociedade e as difíceis decisões de escolher entre o caminho fácil ou o difícil.

Após uma primeira edição muito boa, o título dos jovens heróis passa a oscilar bastante. Há histórias sobre o dia a dia que chegam a ser fúteis e cansativas, acrescentando bem pouco e que não criam aprofundamento algum. A falta de sentimentalismo e proximidade com os personagens é o que torna momentos que deveriam ser divertidas ou densos, em simples e esquecíveis.

Champions #08 (2016) / Humberto Ramos – Marvel Comics

Durante a terceira edição, os Campeões decidem lidar com um uma situação muito semelhante a de Malala Yousafzai, em que meninas de um país do Sul da Ásia estão sendo oprimidas por um grupo terrorista que tem tomado conta da região e as impedem de continuar com sua rotina normal, incluindo estudar. A história tem seus pontos altos, mas acaba ficando marcada por momentos pontuais de uma discussão sobre quem deveria liderar a equipe.

A dificuldade em transmitir as emoções dos personagens é algo que acompanha toda a fase de Waid e Ramos, com exceção de duas edições.

Champions #10 (2017) / Humberto Ramos – Marvel Comics

Em Império Secreto, a polêmica saga do Capitão América Nazista, os Campeões estão divididos. Na primeira história, Miles, Viv e Amadeus estão em busca de Ms.Marvel. O que se sabe até então é que todos os Inumanos foram colocados em pequenas cidades que funcionam como Campos de Concentração. Na edição é possível sentir o medo e preocupação dos prisioneiros e a frustração dos heróis que estão completamente perdidos e não sabem que decisões tomar para ajudar.

Na edição seguinte com a equipe quase toda reunida e a adição de alguns novos integrantes, os Campeões vão até Las Vegas, que foi completamente devastada, em busca de sobreviventes. Novamente, é fácil sentir a frustração e o sentimento de impotência dos heróis, que leva a momentos de fragilidade psicológica que se transforma em caos interno entre os membros, mas que acaba sendo resolvido por um pequeno brilho de esperança.

As duas histórias que fazem ligação com a saga acabam por serem o melhor momento da fase de Mark Waid e Humberto Ramos a frente do título. Uma leitura que poderia ser muito mais inspiradora e impactante, que acaba sendo apenas mais do mesmo. Os Campeões no fim são uma ideia com potencial enorme, mas que foi pouco explorado.

Champions #18 (2018) / Humberto Ramos – Marvel Comics

Ainda não foi dessa vez que os jovens heróis mudaram o mundo, mas é um começo bem divertido e convidativo.

Campeões de Mark Waid e Humberto Ramos compõe as edições #01 –  #18 de Champions. No Brasil foram compilados em Homem-Aranha e os Campeões #01 – #12 e Vingadores & Campeões: Mundos Colidem da Panini Comics.